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A Organização Mundial de Saúde (OMS), lançou um relatório referindo que as carnes processadas causam cancro, gerando uma nova onde de discussão deste assunto na comunicação social, misturando-se muitas vezes o certo e o incerto, as carnes processadas e vermelhas no mesmo prato.

Antes de mais nada, parece-me pertinente esclarecer que as carnes processadas são aquelas que normalmente contém porco, carne bovina (ou outras carnes vermelhas), aves, vísceras ou subprodutos da carne como o sangue, que normalmente é salgada, curada, fermentada, fumada ou de alguma forma tratada (por exp. salsichas, presunto, linguiças, bacon, carne enlatada, carne seca, assim como carnes em conserva e os preparados e molhos à base de carnes). Processos estes que realmente criam substâncias cancerígenas. Por sua vez as carnes vermelhas são as carnes procedentes de tecidos musculares provenientes de bovinos, suínos, ovinos, equinos e caprinos.

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[push h=”20″]Recentemente, o Centro Internacional de Pesquisa sobre o Cancro, baseando-se num elevado número de estudos, classificou a carne processada como um agente “cancerígeno para humanos” (grupo 1 – mesmo grupo de substâncias cancerígenas como o tabaco), considerando que as carnes vermelhas são “provavelmente cancerígenas para humanos” (grupo 2A). Segundo este Centro de Pesquisa o consumo diário de 50 g a carne processada aumenta em 18% o risco de contrair cancro colo-rectal (principalmente este). Após isto, o frenesim estava iniciado. Realmente para os nutricionistas e investigadores desta área, ninguém foi apanhado de surpresa, pois a associação de carnes processadas ao cancro tem sido feita há muitos anos. Relativamente às carnes vermelhas durante alguns processos de confeção (churrascos, fritos, grelhados a temperaturas muito altas) podem ser gerados alguns compostos carcinogéneos mas é possível minimizar esses efeitos ao cozer, estufar, marinar a baixas temperaturas a carne. Provavelmente, todos nós, todos os dias ingerimos carcinogéneos mas isso não significa que venhamos a desenvolver cancro.

Também é de salientar que a evidência que a carne processada causa cancro é tão forte como a evidência para o tabaco, contudo o risco proveniente do tabaco é muito mais alto. O cancro pulmões causado pelo tabaco é de 86% e cancro do colon retal causado pela ingestão de carne vermelha e processada é de 21%. Outro aspeto importante e muitas vezes esquecidos quando olhamos para os números é que ter um peso dentro dos valores normais/saudáveis, é depois de não fumar, o fator mais importante para prevenir o cancro. É sabido que o excesso de peso e a obesidade aumentam o risco de cancro do esófago, fígado, rins, colo-retal, mama pós menopausa, bexiga, pâncreas, ovário… E em Portugal temos cerca 1 milhão de adultos Obesos e cerca de 32% de crianças com Excesso de Peso e Obesidade. Mexermo-nos, praticarmos um desporto e comer de forma saudável (muitos hortofrutícolas), sem radicalismos e alarmismos, parece-me a melhor maneira para prevenirmos o cancro, doenças cardiovasculares e endócrinas, logo envelhecermos com mais saúde.

Há muitos anos que os nutricionistas e investigadores da área da nutrição alertam que uma alimentação inadequada é um dos fatores que mais rouba anos de vida às pessoas, nomeadamente aos Portugueses. Por isto, e muito mais, focarmo-nos em termos e fornecermos às nossas crianças uma alimentação saudável diária, rica em frutas e legumes, mais refeições de peixes e ovos do que carnes (dentro destas preferir as brancas às vermelhas), água, cereais integrais/leguminosas e tubérculos, limitando a ingestão de carnes processadas, açúcar (doces/chocolates/refrigerantes…), sal e gordura… parece ser a melhor solução para uma vida saudável!

Carolina Vasconcelos
NUTRIÇÃO