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O cancro oral é uma doença que pode ser prevenida quando associado a estilos de vida e fatores de risco suscetíveis de serem modificados, sendo uma doença muito comum no mundo inteiro.
O diagnóstico precoce e o tratamento em tempo útil podem dar bons resultados no tratamento do cancro oral. Contudo, se detectado tardiamente, é muito agressivo. É de referir que 2/3 dos cancros orais em todo o mundo são provenientes dos países desenvolvidos.
Em qualquer exame de rotina, o profissional de saúde deve questionar os seus pacientes sobre a prática de fatores de risco, a saber: o consumo de álcool (em particular em indivíduos do sexo masculino e com mais de 40 anos de idade) e o tabaco, assim como realizar a observação da cavidade oral como parte integrante do exame físico. Todos nós deveríamos fazer uma auto-observação e, se suspeitarmos de algo, procurar quem nos possa elucidar e ajudar.
O carcinoma espino-celular representa cerca de 80% de todos os carcinomas que se desenvolvem na mucosa oral e, geralmente, é detectado numa fase tardia do seu desenvolvimento.
Em Portugal Continental, a maior taxa de cancro oral verifica-se na região sul onde há um maior número de fumadores de ambos os sexos. Uma maior exposição aos raios ultravioletas aumenta também a probabilidade de desenvolver cancro, particularmente do lábio inferior.
A probabilidade de vir a ter cancro oral é muito maior nos fumadores do que nos não fumadores, embora nos últimos anos a incidência de cancro oral tenha vindo a aumentar nos jovens não fumadores e não consumidores de álcool. Estudos revelam que pode estar associado a infeção causada pelo vírus do papiloma humano (HPV) que também está associado aos tumores anais e do colo do útero.
Tabaco, uma das principais causa de cancro oral
O cancro oral, de uma maneira geral, é precedido por alterações da mucosa oral clinicamente visíveis e classificadas como lesões potencialmente malignas, e que são de dois tipos: Leucoplasia e Eritroplasia.
Leucoplasia é definida como uma mancha ou placa branca que não pode ser caracterizada clinicamente com outra doença ou lesão branca nomeadamente, liquen plano ou candidiases. O diagnóstico é confirmado por exame histopatológico. São lesões assintomáticas que não se conseguem remover raspando com uma compressa ou outro instrumento e que surgem na mucosa das bochechas, língua, palato e zonas desdentadas. A remoção completa da lesão é recomendada, pois pode transformar-se num carcinoma.
Eritroplasia refere-se a uma mancha ou placa vermelha, macia e que surge no palato mole, atrás dos últimos molares e bordo da língua. A lesão esbate-se na mucosa que a rodeia, com queixas moderadas ou assintomáticas, mais raras, mas o seu potencial maligno é muito susperior.
Leucoplasia - primeiro sinal de possibilidade de cancro oral
Os carcinomas espino-celulares, detetados precocemente, apresentam-se sobre a forma de placa branca, vermelha ou combinação das duas, com mais frequência no bordo da língua, e pavimento da boca, vermelhão do lábio inferior e da gengiva. Os carcinomas mais pequenos são assintomáticos e descobertos em exames de rotina, mas os de maior dimensão têm a dor como primeiro sintoma e normalmente estão ulcerados ou revelam aumento de volume irregular. O carcinoma do lábio apresenta-se de forma espessa, com crosta ou ulcerado. O diagnóstico baseia-se no exame clínico seguido de biópsia e exame histológico.
Os pacientes com sinais suspeitos devem ser encaminhados para observação para eventual biópsia que confirme o diagnóstico. No exame, o médico dentista fará um exame visual e palpação de várias regiões da cabeça e pescoço bem como da cavidadade oral. Qualquer lesão com evolução superior a 3 semanas deve ser considerada suspeita.
Apesar de tudo, os doentes tratados com sucesso com um cancro oral têm elevado risco de desenvolver um segundo cancro.
Se tem alguma suspeita, não deixe de procurar o seu médico de família ou o seu médico dentista. Eles podem ajudá-lo.
José Francisco Rodrigues
MEDICINA DENTÁRIA